Projeto visionário quer transformar Feira de Santana na Cidade do Forró

Feira de Santana pode estar a um passo de se tornar a “Cidade do Forró”. Essa é a ambição do projeto apresentado pelo ex-secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Edson Borges, durante entrevista ao programa Acorda Cidade nesta segunda-feira (9). Desenvolvido em 2020, mas adiado pela pandemia de Covid-19, o plano propõe unificar os eventos juninos da cidade em um calendário integrado, de 1º de junho a 2 de julho, com o objetivo de posicionar Feira de Santana como um dos principais destinos do São João no Nordeste, rivalizando com Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).

“O São João de Feira tem potencial enorme, mas falta vendê-lo como um grande evento. Campina Grande e Caruaru fazem isso com maestria. Nossa proposta é criar um pacote cultural que una tradição, turismo e economia, transformando Feira na Cidade do Forró”, afirmou Borges. O projeto, elaborado pela agência Ativa Propaganda com recursos públicos, foi meticulosamente planejado, com detalhes que incluem até a embalagem do material de apresentação: uma capa de couro rústica, com fitas e saco de chita, evocando o espírito nordestino.

Um São João integrado e expansivo

A proposta de Borges é estruturada em torno da integração de eventos já existentes, como o Forró do Amendoim, a Festa do Chapéu e o Festival de Sanfoneiros, com a criação de novas iniciativas que reforcem a identidade junina. O calendário começaria com uma passeata no centro da cidade, reunindo sanfoneiros, quadrilhas e um cortejo festivo para marcar a abertura oficial dos festejos. O encerramento, no dia 2 de julho, feriado da Independência da Bahia, celebraria a história do estado com uma grande festa no Parque de Exposições João Martins da Silva.

Entre os destaques do projeto, estão:

  • Distritos e Parque de Exposições: Os distritos de Feira, como Maria Quitéria, seriam palcos de eventos tradicionais, como concursos de quadrilhas e o “casamento na roça” em São José. O Parque de Exposições abrigaria uma festa aberta ao público, com parque de diversões e cidade cenográfica.
  • Novas atrações: Borges sugere a criação do “Forró do Caminhoneiro” no Parque de Exposições e a inclusão do casamento coletivo no dia de Santo Antônio (13 de junho), aproveitando a simbologia do santo casamenteiro. A romaria dos romeiros também ganharia destaque, reforçando a religiosidade do período junino.
  • Eventos consolidados: Festas como o Arraiá do Comércio, o Forró do Mercado de Arte Popular e a Feira Produtiva seriam incorporadas ao calendário, promovendo um “combo” cultural e comercial.

Inspiração em Campina Grande e busca por patrocinadores

Para embasar o projeto, Borges visitou o São João de Campina Grande, referência nacional em festejos juninos. Lá, reuniu-se com produtores que demonstraram interesse em colaborar com Feira de Santana. Um dos produtores, impressionado com a infraestrutura do Parque de Exposições e a proximidade de Salvador (110 km), destacou o potencial da cidade para atrair turistas e patrocinadores. “Eles me passaram o edital de licitação para captação de recursos. Um evento desse porte exige entre R$ 15 e 20 milhões, mas o retorno econômico é imenso”, revelou Borges.

A ideia inclui lançar o projeto em São Paulo, principal polo de patrocinadores no Brasil, em parceria com organizadores de Campina Grande. A estratégia visa atrair marcas nacionais, aproveitando a visibilidade do São João como produto cultural e turístico. “Feira tem tudo para ser um destino junino nacional. Só falta organização e ousadia”, enfatizou o ex-secretário.

Impacto econômico e cultural

O projeto vai além da celebração cultural, mirando o impacto econômico. O São João de Feira de Santana, se estruturado como um evento unificado, pode atrair milhares de turistas, gerando renda para hotéis, restaurantes, artesãos e comerciantes. “É uma oportunidade de fortalecer a economia local e dar visibilidade a artistas regionais, que muitas vezes ficam ofuscados por grandes nomes”, explicou Borges.

A proposta também responde a críticas sobre a fragmentação dos festejos juninos em Feira. Ao contrário de eventos isolados, o projeto busca criar uma narrativa coesa, com uma identidade visual e cultural que conecte todos os eventos sob a marca “Cidade do Forró”. A inclusão do feriado de 2 de Julho no calendário reforça a conexão com a história baiana, enquanto a valorização dos distritos resgata a essência rural do São João.

Próximos passos

Edson Borges informou que o projeto, financiado com recursos públicos, será entregue ao prefeito José Ronaldo de Carvalho para análise. Embora desenvolvido em 2020, ele permanece atual e adaptável, segundo o ex-secretário. “É um plano feito com pesquisa, indo a campo, ouvindo a comunidade. Se a prefeitura abraçar, Feira pode ter o maior São João do interior da Bahia”, afirmou.

A proposta chega em um momento estratégico, com o São João de 2025 se aproximando e a cidade buscando se consolidar como polo cultural do estado. A unificação dos festejos e a aposta em um evento de grande escala podem colocar Feira de Santana no mapa dos grandes destinos juninos do Brasil, mas o sucesso dependerá de vontade política, captação de recursos e engajamento da comunidade.

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