Serra Preta, a 110 km de Salvador, prepara-se para a 24ª edição da Festa do Licor do Jegue, um dos eventos mais aguardados do calendário cultural da Bahia, que acontece neste domingo, 29 de junho, durante os festejos de São Pedro. A celebração, marcada pela irreverência e pela valorização da cultura nordestina, atrai milhares de turistas e moradores para um cortejo único, onde licores artesanais são servidos diretamente de barris acoplados a jegues, por meio de mangueiras, pelas ruas da cidade. Com shows de Quintal da Tia Carla, Toque Dez, Deja Ribeiro, e Brumaleve, a festa promete unir tradição, música e gastronomia, consolidando Serra Preta como um polo festivo do Recôncavo Baiano.
Uma tradição que cresce
Criada em 2001 por um grupo de amigos, a Festa do Licor do Jegue transformou-se em patrimônio cultural de Serra Preta, ganhando projeção estadual após o hiato pandêmico. “O evento começou como uma brincadeira entre amigos e hoje é um símbolo da nossa identidade, atraindo visitantes de Feira de Santana, Salvador, Ipirá e até de outros estados”, afirmou Andréa Pinheiro, presidente da comissão organizadora, ao Acorda Cidade. A festa combina a hospitalidade da comunidade com a produção artesanal de licores, como os de jenipapo, maracujá e umbu, que são destaque no cortejo.
A concentração está marcada para as 13h em uma fazenda próxima à sede municipal, where participants vestindo camisas personalizadas iniciam o desfile. O cortejo, animado por duas charangas contratadas para 2025, percorre as ruas do centro até a Praça da Matriz, com jegues ornamentados carregando barris de licor. “É uma experiência única. Você toma licor direto do jegue enquanto dança ao som do forró. Isso é Serra Preta”, celebrou o turista Carlos Mendes, 34 anos, de Feira de Santana, que participa há cinco anos.
Programação musical e cultural
A partir das 14h, a Praça da Matriz recebe shows no palco principal. A banda Quintal da Tia Carla abre a programação, seguida por Toque Dez, Deja Ribeiro, e Brumaleve, que encerram a noite com forró, piseiro e arrocha. “Escolhemos atrações que valorizam o ritmo nordestino e dialogam com o público jovem, mas sem esquecer as raízes do São João”, explicou Pinheiro. Além da música, barracas oferecem comidas típicas, como canjica, pamonha e acarajé, enquanto artesãos locais expõem cordéis, chapéus de palha e outros produtos.
A prefeitura de Serra Preta, que apoia o evento com infraestrutura e segurança, investiu R$ 500 mil na festa, incluindo a contratação de 30 policiais militares e guardas municipais, além de câmeras de monitoramento. “Nosso São Pedro é uma celebração da cultura e da economia local. A Festa do Licor do Jegue coloca Serra Preta no mapa do turismo baiano”, afirmou o prefeito Franklin Leite (MDB) durante o lançamento da programação.
Impacto econômico e turístico
A edição de 2025 deve atrair cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativas da Secretaria de Cultura e Turismo, movimentando aproximadamente R$ 2 milhões na economia local. Pousadas registram ocupação de 90%, e o comércio informal, como barracas de bebidas e alimentos, vê um aumento de até 60% nas vendas. “No São Pedro, consigo vender em um dia o que levo um mês para faturar”, relatou a vendedora Maria das Graças, 52 anos, que comercializa licor caseiro de tamarindo.
O evento também fortalece o turismo regional, com visitantes de cidades como Riachão do Jacuípe e Anguera. “Serra Preta oferece uma festa autêntica, que preserva a essência do interior baiano. Isso atrai quem busca experiências culturais genuínas”, destacou a secretária de Turismo, Lúcia Almeida. A decoração da cidade, com bandeirolas e fogueiras cenográficas, reforça o clima junino, enquanto ações como a distribuição de mudas de plantas nativas promovem a sustentabilidade.
Desafios e inovações
A organização enfrentou desafios logísticos, como a necessidade de reforçar a segurança dos animais envolvidos no cortejo, atendendo a normas de bem-estar animal. “Adotamos medidas para garantir que os jegues sejam bem tratados, com veterinários acompanhando o desfile”, informou Pinheiro. Além disso, a falta de divulgação antecipada da programação foi uma crítica recorrente em 2024, o que levou a prefeitura a lançar a grade de shows em maio deste ano, via redes sociais.
A introdução de QR Codes para inscrição no cortejo foi uma novidade, simplificando o acesso e reduzindo o uso de papel. “A tecnologia facilitou a organização e atraiu um público mais jovem, que compartilha a festa nas redes”, disse o coordenador de eventos, João Victor Santos. A transmissão ao vivo`} do cortejo no Instagram da prefeitura, iniciada em 2023, também ampliou a visibilidade do evento.
Um símbolo de alegria e resistência
A Festa do Licor do Jegue vai além da diversão, representando a resiliência da cultura nordestina. “É uma celebração do nosso jeito de ser, da nossa criatividade e hospitalidade. Serra Preta mostra que o interior da Bahia tem muito a oferecer”, afirmou o prefeito Leite. Com o sucesso da edição de 2025, a organização já planeja expandir o evento em 2026, com a inclusão de um festival de licores regionais e oficinas culturais para turistas.
Enquanto o São Pedro ilumina Serra Preta, a Festa do Licor do Jegue reafirma sua importância como um evento que une tradição, turismo e desenvolvimento, consolidando a cidade como um destino imperdível no calendário junino baiano.