APLB decreta paralisação de três dias na rede municipal de Feira de Santana em protesto contra portaria

Professores da rede municipal de ensino de Feira de Santana cruzarão os braços por três dias a partir desta semana, conforme decisão tomada pela APLB-Sindicato em assembleia extraordinária na manhã de segunda-feira (14). A paralisação é uma resposta à Portaria nº 007/2025, que ajusta a carga horária docente e, segundo a categoria, fere a Lei Federal nº 11.738/2008, ao ampliar o tempo em sala de aula e comprometer a reserva de um terço da jornada para atividades extraclasse, incluindo professores do REDA e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Após a assembleia, realizada na sede do sindicato, os educadores seguiram em caminhada até a Secretaria Municipal de Educação (Seduc), onde promoveram um ato público exigindo a revogação da portaria e diálogo com a gestão. Faixas, cartazes e discursos reforçaram a insatisfação da categoria, que cobra respeito aos direitos trabalhistas e melhores condições para o ensino.

Posição da Seduc

Em nota oficial, a Seduc defendeu a legalidade da portaria, argumentando que os ajustes estão alinhados à Lei Federal nº 11.738/2008, que define o piso salarial nacional do magistério, e ao Parecer CNE/CEB nº 18/2012, que regula a jornada docente. Segundo a secretaria, a legislação permite que até dois terços da carga horária sejam dedicados à interação com alunos, reservando o terço restante para planejamento, correção de provas e capacitação.

A pasta detalhou que professores com 40 horas semanais devem cumprir 26h40 em sala de aula (equivalente a 32 aulas de 50 minutos) e 13h20 em atividades extraclasse (16 aulas). Para os contratos de 20 horas, são 13h20 com alunos (16 aulas) e 6h40 fora da sala (8 aulas). A Seduc destacou ainda que o piso salarial foi atualizado para R$ 4.867,77, conforme Portaria nº 77/2025 do Ministério da Educação, e afirmou que as mudanças visam “valorizar os profissionais e garantir uma jornada equilibrada”.

Impasse e próximos passos

A APLB contesta a interpretação da Seduc, alegando que a portaria sobrecarrega os docentes e desrespeita a reserva legal de horas extraclasse, essencial para a qualidade do ensino. “A medida ignora as condições reais de trabalho e prejudica o planejamento pedagógico”, declarou um representante do sindicato durante o ato.

O movimento paredista promete manter a pressão nos próximos dias, com a possibilidade de novas mobilizações caso as demandas não sejam atendidas. A Seduc, por sua vez, reforçou o compromisso com a educação pública e disse estar aberta ao diálogo, mas manteve a posição de que as alterações cumprem a legislação vigente.

A paralisação deve impactar as escolas municipais, e pais e alunos já buscam informações sobre a reposição de aulas. Enquanto o impasse persiste, a comunidade escolar aguarda uma solução que concilie os direitos dos professores com a continuidade do ensino em Feira de Santana.

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