O cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, reagiu com bom humor aos rumores que o colocam como possível sucessor do Papa Francisco. Cotado em listas de “papáveis” nos bastidores do Vaticano, o religioso de 65 anos negou qualquer possibilidade de assumir o papado, afastando especulações com uma pitada de descontração durante entrevista ao jornal O Globo.
“É curioso ver meu nome nessas listas, mas isso não tem mais perigo. O pessoal aqui já criou juízo”, brincou Dom Sérgio, em tom leve, ao comentar sua suposta indicação entre os favoritos para liderar a Igreja Católica. A declaração reflete a postura serena do cardeal, que tem evitado holofotes e optado por manter discrição em meio às discussões sobre o futuro do Vaticano.
Missa discreta e orações pelo conclave
Enquanto os rumores cresciam, Dom Sérgio recusou um convite para celebrar uma missa na Igreja de Santa Cruz, em Roma, que atrairia grande atenção da imprensa. Em vez disso, escolheu conduzir uma celebração íntima no Colégio Pio Brasileiro, na capital italiana, onde reuniu religiosos e fiéis em um ambiente reservado. Durante a Eucaristia, pediu orações pelos cardeais que participarão do próximo conclave e pelo futuro papa, reforçando seu compromisso com a unidade da Igreja.
Após a missa, o arcebispo compartilhou impressões sobre o clima pré-conclave, destacando um ambiente de fraternidade entre os cardeais. Ele também criticou a visão sensacionalista retratada no filme Conclave, que dramatiza o processo de escolha do papa. “Estamos vivendo um clima muito bom, de diálogo e reflexão. É bem diferente do que as pessoas veem no filme”, afirmou, buscando desmistificar as tensões exageradas projetadas pela produção cinematográfica.
Perfil de Dom Sérgio
Nascido em Dobrada (SP), Dom Sérgio da Rocha é uma figura respeitada no episcopado brasileiro. Nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2016, ele se destaca por sua abordagem pastoral e pelo diálogo com temas sociais, como a defesa dos pobres e a promoção da justiça. Desde 2020, como arcebispo de Salvador, tem liderado iniciativas para fortalecer a arquidiocese, incluindo a revitalização de projetos comunitários e a preparação para o Jubileu de 2025.
Apesar de sua influência, o cardeal nunca alimentou ambições de liderança global. Sua inclusão em listas de “papáveis” é atribuída à sua proximidade com o Papa Francisco e à representatividade da Igreja Latino-Americana, que ganhou peso desde a eleição de Jorge Bergoglio em 2013. Contudo, Dom Sérgio mantém os pés no chão, priorizando sua missão em Salvador e o serviço aos fiéis.
Contexto no Vaticano
As especulações sobre o próximo papa ganharam força com a saúde fragilizada de Francisco, que completou 88 anos em dezembro de 2024. Embora o pontífice argentino siga ativo, a Igreja já se prepara para um eventual conclave, e nomes de diversas regiões do mundo, como África, Ásia e América Latina, aparecem nas discussões. Dom Sérgio, porém, descarta qualquer protagonismo, reforçando que sua vocação está voltada para o trabalho pastoral, e não para o comando da Santa Sé.
A postura do cardeal brasileiro contrasta com a curiosidade da imprensa internacional, que vê na sua simplicidade e no seu carisma um perfil alinhado aos ideais de Francisco. Ainda assim, Dom Sérgio parece mais confortável em sua missão local, onde é conhecido por visitas frequentes às comunidades periféricas de Salvador e por celebrações que aproximam a Igreja dos fiéis.
Repercussão e legado
A reação bem-humorada de Dom Sérgio foi recebida com simpatia por lideranças religiosas e pela imprensa, que destacaram sua humildade. No Brasil, fiéis da Arquidiocese de Salvador expressaram apoio ao arcebispo nas redes sociais, com mensagens que exaltam sua dedicação. “Dom Sérgio é um pastor do povo, não precisa de títulos para brilhar”, escreveu uma internauta no Instagram.
Enquanto os rumores sobre o papado seguem, o cardeal mantém o foco em sua agenda, que inclui a preparação para a visita do Papa Francisco ao Brasil em 2025, durante as celebrações do Jubileu. Para Dom Sérgio, o futuro da Igreja está nas mãos da providência divina, e seu papel é continuar servindo com alegria e simplicidade, longe das especulações do Vaticano.