Jerônimo Rodrigues integra missão de Lula à China para atrair investimentos à Bahia

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), embarcou neste sábado para uma missão oficial na China, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de atrair investimentos e fortalecer parcerias estratégicas para o estado. Integrando a comitiva brasileira, que inclui os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Saúde) e Fernando Haddad (Fazenda), Rodrigues participará de reuniões bilaterais com o governo chinês e empresários em Pequim, focando em áreas como energia renovável, infraestrutura, tecnologia e saúde. A viagem, que se estende até 17 de maio, reforça a posição da Bahia como destino prioritário para aportes internacionais, em um momento de retomada econômica do Brasil.

A missão ocorre em meio a uma agenda de reaproximação entre Brasil e China, principal parceiro comercial do país desde 2009. Com exportações brasileiras à China atingindo US$ 104 bilhões em 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a comitiva busca consolidar acordos que beneficiem setores estratégicos. Para a Bahia, Jerônimo destaca projetos emblemáticos como a Ponte Salvador-Itaparica, a fábrica de veículos elétricos da BYD em Camaçari e parcerias em energias renováveis. “Vamos à China com grandes expectativas. Queremos trazer mais investimentos que gerem empregos e desenvolvimento para nosso povo”, afirmou o governador, em nota publicada pelo Bahia Notícias.

Uma agenda estratégica para a Bahia

A participação de Jerônimo na comitiva presidencial reflete a relevância econômica da Bahia no cenário nacional. O estado, que responde por 4,2% do PIB brasileiro, tem atraído atenção de investidores chineses nos últimos anos. A BYD, gigante do setor automotivo, anunciou em 2023 a construção de uma fábrica em Camaçari, com investimento inicial de R$ 3 bilhões, prevista para iniciar operações em 2026 e gerar 10 mil empregos diretos e indiretos. A Ponte Salvador-Itaparica, orçada em R$ 13 bilhões e conduzida por um consórcio chinês liderado pela China Railway 20 Bureau Group, é outro marco, com obras avançando para conectar a capital à Ilha de Itaparica, reduzindo o tempo de travessia de 90 para 20 minutos.

Além dos compromissos com Lula, Jerônimo conduzirá uma agenda própria na China, acompanhado de secretários estaduais, como Ângelo Almeida (Desenvolvimento Econômico) e André Joazeiro (Saúde). A comitiva baiana visitará a sede da Hotgen, em Langfang, a 70 km de Pequim, uma empresa especializada em biotecnologia. Articulada pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), a visita busca parcerias com a Bahiafarma para a produção de testes rápidos para dengue, zika e covid-19, além de cooperação em tecnologia laboratorial. “A Hotgen tem expertise que pode revolucionar o diagnóstico precoce na Bahia, especialmente em doenças tropicais”, declarou Joazeiro ao A Tarde.

Jerônimo também participará do Fórum Empresarial China-Brasil, um evento que reúne líderes dos dois países para discutir oportunidades de negócios. Com reuniões agendadas com empresas do setor de energia eólica e solar, o governador pretende ampliar a presença de investidores chineses no Parque Eólico de Canudos e em projetos de hidrogênio verde, áreas em que a Bahia lidera no Nordeste. “Nosso estado tem vocação para a sustentabilidade, e a China é uma parceira estratégica nesse caminho”, destacou Rodrigues, segundo o Correio.

Contexto político e econômico

A viagem de Jerônimo ocorre em um momento de consolidação de sua gestão, iniciada em 2023. Com aprovação de 61% segundo a pesquisa Genial/Quaest de fevereiro de 2025, o governador tem investido em parcerias público-privadas para alavancar o desenvolvimento econômico, especialmente no interior. A relação com Lula, reforçada pela presença de Rui Costa na comitiva, é um trunfo político, permitindo que a Bahia capitalize a agenda internacional do governo federal. “Jerônimo está alinhado com Lula, mas também mostra autonomia ao buscar investimentos diretos para o estado”, analisa a cientista política Mariana Borges, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A China, que responde por 27% das exportações baianas, sobretudo em soja, minério de ferro e petróleo, é um parceiro estratégico. Desde 2019, empresas chinesas como a State Grid e a China Communications Construction Company (CCCC) têm ampliado sua presença no estado, com investimentos em energia e infraestrutura. No entanto, desafios persistem, como a necessidade de melhorar a logística portuária e rodoviária para facilitar o escoamento de produtos. A missão de Jerônimo busca endereçar essas questões, negociando acordos que incluam transferência de tecnologia e qualificação de mão de obra.

Impactos esperados e críticas

A missão à China é vista como uma oportunidade para consolidar a Bahia como um hub de investimentos no Nordeste, mas enfrenta questionamentos da oposição. O deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) criticou a ausência de um plano detalhado para os resultados da viagem: “Esperamos que não seja apenas uma agenda de fotos. A Bahia precisa de compromissos concretos, com prazos e metas.” Em resposta, o governo estadual divulgou que os acordos negociados serão apresentados em um relatório público após o retorno, previsto para 18 de maio.

Lideranças empresariais, por outro lado, estão otimistas. “A BYD e a Ponte Salvador-Itaparica são apenas o começo. A China tem interesse em nossa energia limpa e no potencial logístico da Bahia”, afirmou Carlos Falcão, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), ao Jornal Grande Bahia. Comunidades locais, como as de Camaçari, aguardam os impactos sociais dos investimentos, especialmente a geração de empregos. “A fábrica da BYD pode mudar a vida de muita gente aqui, mas queremos capacitação para os trabalhadores locais”, disse a comerciante Ana Santos, de 42 anos, moradora do município.

Um passo para o futuro global da Bahia

A missão de Jerônimo Rodrigues à China, ao lado de Lula, é mais do que uma viagem diplomática: é uma aposta na inserção da Bahia em cadeias globais de produção e inovação. Com reuniões que abrangem desde a saúde pública até a infraestrutura de grande porte, o governador busca posicionar o estado como um parceiro confiável para investidores internacionais. A visita à Hotgen, o Fórum Empresarial e os encontros com empresas de energia renovável sinalizam um projeto de desenvolvimento que alia sustentabilidade, tecnologia e inclusão social.

Enquanto Pequim recebe a comitiva brasileira, a Bahia aguarda os frutos de uma agenda que pode redefinir sua economia nos próximos anos. “Estamos construindo uma Bahia mais forte, conectada ao mundo”, declarou Jerônimo antes do embarque, segundo o Bahia Econômica. Com o retorno marcado para o próximo fim de semana, os olhos do estado estarão voltados para os acordos que o governador trará na bagagem, em um esforço para transformar promessas em realidades concretas.

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