Brasil decreta luto oficial de três dias pela morte de Pepe Mujica, ícone latino-americano

O governo brasileiro declarou luto oficial de três dias em homenagem a José Alberto “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, falecido aos 89 anos na terça-feira, 13 de maio de 2025, em Montevidéu. O decreto, assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União no mesmo dia. A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada, segundo o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, mas a perda de Mujica reverbera como um marco de luto em toda a América Latina.

Homenagens e condolências

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agenda oficial em Pequim, na China, manifestou profunda tristeza pela partida de Mujica. “Amanheci em Pequim com a notícia de que Pepe Mujica nos deixou, enchendo-nos de tristeza, mas também de inspiração por seus ensinamentos. Sua coragem, humildade e compromisso com a justiça social marcaram a história”, declarou Lula em nota oficial. O presidente deve chegar ao Brasil na madrugada desta quinta-feira, 15 de maio, e seguir para Montevidéu ainda pela manhã para acompanhar o velório do líder uruguaio, conforme informado pelo Palácio do Planalto.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) destacou a trajetória de Mujica como um dos maiores humanistas da América Latina. “Sua dedicação à integração regional, por meio do MERCOSUL, UNASUL e CELAC, e sua defesa incansável da justiça social deixam um legado inestimável. Mujica foi um símbolo de ética e solidariedade”, afirmou a nota. O Itamaraty também expressou solidariedade ao povo uruguaio e à família do ex-presidente.

Uma vida de luta e exemplo

Pepe Mujica, nascido em 1935, tornou-se uma figura globalmente admirada por sua trajetória singular. Ex-guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, ele passou mais de uma década preso durante a ditadura militar uruguaia (1973-1985), enfrentando condições desumanas. Após a redemocratização, ingressou na política e foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, período em que se destacou por sua simplicidade — doava grande parte de seu salário, vivia em uma modesta chácara e dirigia um fusca azul.

Sob sua gestão, o Uruguai aprovou leis progressistas, como a legalização da maconha, o casamento igualitário e a ampliação de direitos sociais, consolidando o país como referência em políticas inclusivas. Mujica também foi um fervoroso defensor da integração latino-americana, promovendo o fortalecimento de blocos regionais e a cooperação entre nações do continente.

Impacto e legado

A morte de Mujica gerou comoção em toda a América Latina e no mundo, com tributos de líderes políticos, ativistas e cidadãos que viam nele um exemplo de liderança ética. No Brasil, onde sua figura era amplamente respeitada, partidos de diferentes espectros políticos emitiram notas de pesar, destacando sua coerência e compromisso com os mais pobres. “Pepe nos ensinou que a política pode ser feita com o coração e com verdade. Seu legado viverá em todos que lutam por um mundo mais justo”, escreveu a ex-presidenta Dilma Rousseff nas redes sociais.

O luto oficial de três dias no Brasil reflete a profunda admiração por Mujica, cuja influência transcendeu fronteiras. Em Montevidéu, o velório, que será realizado nesta quinta-feira, 15 de maio, deve reunir chefes de Estado, diplomatas e milhares de uruguaios, que se despedem de um líder que personificou a simplicidade e a luta por igualdade.

Um farol para a América Latina

A partida de Pepe Mujica deixa um vazio, mas também um chamado à reflexão sobre os valores que ele defendeu: solidariedade, humildade e compromisso com a justiça social. Enquanto o Brasil e o mundo prestam suas últimas homenagens, sua vida permanece como um farol para as gerações que buscam construir uma América Latina mais unida e equitativa. O fusca azul de Mujica pode ter parado, mas suas ideias seguem em movimento, inspirando milhões.

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