Centenas de pessoas tomaram as ruas da Avenida Maria Quitéria na manhã deste domingo (30) para a terceira edição da Caminhada em Combate à Violência Contra a Mulher, promovida pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Sob o comando da delegada Clécia Vasconcelos, o evento trouxe à tona a urgência de discutir e enfrentar uma questão que ainda persiste na sociedade: a violência de gênero. “Nosso objetivo é provocar uma reflexão: por que ainda precisamos falar disso? Por que essa cultura precisa mudar?”, afirmou a delegada ao Acorda Cidade.
Além de conscientizar, a caminhada teve um impacto social direto. As camisetas do evento — 10 mil produzidas neste ano — foram trocadas por alimentos, que serão transformados em cestas básicas para mulheres em situação de vulnerabilidade atendidas pela Deam. “A violência atinge todas as classes, mas as mulheres mais pobres sofrem ainda mais. Com essas doações, conseguimos oferecer um apoio concreto”, destacou Clécia.
A adesão popular impressionou. Além dos moradores de Feira de Santana, participantes de cidades vizinhas engrossaram o coro pela causa, evidenciando um crescente engajamento. “A população está mais consciente, e isso é fruto de um trabalho em rede”, celebrou a delegada, que agradeceu o suporte de empresas locais, órgãos públicos como prefeitura e governo do estado, além de parceiros como OAB, universidades e a rede de saúde. A organização, embora trabalhosa, foi descrita por ela como “uma alegria” diante do resultado.

Índices e denúncias: um sinal de mudança
Clécia Vasconcelos abordou os números da violência contra a mulher em Feira de Santana, que, segundo ela, não são alarmantes, mas refletem uma realidade em transformação. “Temos um aumento nas denúncias de ameaças e lesões corporais, e isso é positivo. Significa que as mulheres estão perdendo o medo de denunciar”, avaliou. O dado aponta para um avanço na conscientização, um dos pilares defendidos pelo evento.
Vozes das ruas: união e educação como caminhos
Entre os participantes, a mensagem foi uníssona: é preciso mobilização para mudar a cultura de violência. A jornalista Madalena Braga, presença constante nas edições, notou o crescimento do movimento. “As pessoas querem levar essa mensagem adiante. Homens e mulheres precisam estar juntos contra um crime que mancha a sociedade”, afirmou. Para ela, a solução passa por uma revolução cultural: “Educação em casa, nas escolas e o papel da mídia são fundamentais para transformar essa mentalidade de respeito ao outro.”
Já Mari Portugal, técnica de enfermagem e bacharel em Direito, marcou presença pela terceira vez e reforçou a importância da união. “O feminicídio está aumentando, e precisamos dar força às mulheres violentadas. Esse evento mostra que elas não estão sozinhas e incentiva a denúncia”, declarou. Para ela, a caminhada é um grito por coragem e solidariedade.
Presenças marcantes e estrutura caprichada
O evento contou com figuras políticas de peso, como o prefeito José Ronaldo de Carvalho, acompanhado da primeira-dama Ivonete Carvalho, o vice-prefeito Pablo Roberto e o deputado federal Zé Neto. Representantes da segurança pública, como o delegado Yves Correia e a tenente Mônica Pedreira, comandante da Ronda Maria da Penha, também prestigiaram a iniciativa. A estrutura ofereceu um clima acolhedor aos participantes, com café da manhã, sessões de massagem e apresentações musicais que animaram a manhã.
Um passo adiante na luta por respeito
A terceira Caminhada em Combate à Violência Contra a Mulher consolidou-se como um marco em Feira de Santana, unindo conscientização, solidariedade e ação prática. Mais do que um evento, tornou-se um símbolo de resistência e esperança por uma sociedade mais justa, onde o respeito prevaleça e a violência seja apenas uma lembrança do passado.