Carla Zambelli tem redes sociais suspensas e prisão decretada por Alexandre de Moraes

As redes sociais da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foram bloqueadas na tarde desta quarta-feira (4) por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A decisão, que abrange os perfis da parlamentar no Facebook, Instagram, X, TikTok e YouTube, também incluiu a suspensão da conta de seu filho, João Zambelli, de 17 anos. A medida é parte de uma série de ações judiciais contra a deputada, que teve sua prisão preventiva decretada no mesmo dia após deixar o Brasil no final de maio, em um movimento interpretado pelo magistrado como tentativa de fugir da aplicação da lei.

Suspensão das redes e multas

A determinação de Moraes impõe multa diária de R$ 100 mil às plataformas que descumprirem o bloqueio dos perfis de Zambelli e de seu filho. Além disso, o ministro estipulou uma penalidade de R$ 50 mil por dia caso a deputada realize novas postagens que “reiterem condutas criminosas”, conforme descrito na decisão. A ordem reflete a gravidade das acusações contra Zambelli, investigada por suposta disseminação de desinformação e ataques a instituições democráticas, incluindo o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As empresas responsáveis pelas redes sociais acataram a decisão rapidamente, e os perfis de Zambelli foram retirados do ar ainda na quarta-feira. A suspensão também atinge conteúdos já publicados, limitando o acesso a postagens antigas. A conta de João Zambelli, embora menos ativa, foi incluída na ordem por suposta associação com as atividades da mãe, segundo fontes judiciais.

Prisão preventiva e Interpol

A prisão preventiva de Carla Zambelli foi decretada após sua saída do Brasil em 29 de maio, sem comunicação oficial às autoridades. Moraes considerou a viagem uma tentativa de evadir a justiça, especialmente em meio a investigações em curso no âmbito do inquérito das fake news e da atuação de milícias digitais. A deputada, que não informou seu destino, teve seu nome incluído na lista vermelha da Interpol, o que permite sua busca internacional e eventual extradição.

A decisão de Moraes reforça a postura do STF em coibir ações que ameaçam o Estado de Direito, especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro, é investigada por possível envolvimento na incitação de atos antidemocráticos, embora negue as acusações.

Contexto e reações

A suspensão dos perfis de Zambelli gerou intensa repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões. Apoiadores da deputada criticaram a medida, alegando censura e perseguição política. “Estão silenciando quem defende a liberdade. Isso é um ataque à democracia”, escreveu um seguidor no X. Já críticos da parlamentar defenderam a decisão, apontando a necessidade de combater a desinformação. “As redes não podem ser usadas para espalhar mentiras e atacar instituições”, afirmou a ativista Maria Silva, também no X.

O caso de Zambelli se soma a outras ações do STF contra figuras públicas acusadas de disseminar conteúdos falsos ou atacar a democracia. Desde 2019, o inquérito das fake news, conduzido por Moraes, resultou em bloqueios de contas, prisões e multas contra políticos, influenciadores e jornalistas alinhados ao bolsonarismo. A inclusão do filho da deputada na decisão, embora polêmica, reflete a preocupação do STF com o uso de contas secundárias para burlar restrições judiciais.

Implicações legais e políticas

A prisão preventiva de Zambelli, se executada, pode agravar a crise entre o STF e setores do Congresso, onde a deputada tem apoio de parte da bancada conservadora. Líderes do PL, partido de Zambelli, ainda não se pronunciaram oficialmente, mas aliados como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já criticaram Moraes, chamando a decisão de “autoritária”. Por outro lado, parlamentares da base governista, como o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), defenderam a medida, destacando que “ninguém está acima da lei”.

A inclusão de Zambelli na lista da Interpol torna improvável sua permanência em países com acordos de extradição com o Brasil, como Estados Unidos e nações da União Europeia. Caso a deputada retorne ao país voluntariamente, ela será detida imediatamente. A decisão também impacta sua atuação parlamentar, já que a prisão preventiva impede a continuidade de seu mandato até que a situação seja resolvida judicialmente.

Perspectivas

O caso de Carla Zambelli reforça o embate entre o STF e figuras do espectro político de direita, em um momento de polarização no Brasil. A suspensão de suas redes sociais e a decretação de sua prisão preventiva sinalizam a determinação do Supremo em coibir ações que considera ameaças à democracia, mas também alimentam críticas de censura e judicialização da política. Enquanto a deputada segue foragida, o desdobramento do caso promete manter o STF e o Congresso no centro das atenções, com impactos que podem reverberar até as eleições de 2026.

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