Estagiários protestam em frente à Seduc por melhores condições e pagamento justo

Na manhã desta terça-feira (1º), dezenas de estagiários contratados pela Prefeitura de Feira de Santana para atuar na Secretaria de Educação (Seduc) tomaram as portas do prédio da pasta em um protesto por melhores condições de trabalho e pagamento atrasado. Com cartazes e vozes unidas, os jovens denunciaram falhas na entrega de contratos, salários reduzidos e um auxílio-transporte que não atende às suas necessidades.

O estopim da mobilização foi a desorganização na gestão dos contratos deste ano. Segundo John, um dos manifestantes, muitos começaram a trabalhar em fevereiro sem documentos assinados – e alguns, como ele, sequer receberam por março. “Meu contrato foi perdido. Trabalhei o mês inteiro, mas no contracheque, nada. Quando vim na Seduc, disseram que alguns papéis sumiram e ofereceram folga como compensação. Folga não paga conta, não compra comida”, relatou ao Acorda Cidade, visivelmente frustrado.

Atualmente, a bolsa oferecida é de R$ 551, mais R$ 240 de vale-transporte, valor que não sofre reajuste há anos e está bem abaixo dos R$ 850 pagos pelo governo estadual para a mesma carga de 20 horas semanais. “Somos estudantes, esse trabalho toma nosso tempo. Não sobra espaço pra outra renda, e o que recebemos não compensa”, desabafou John. O grupo também pede mudanças no vale-transporte, já que o cartão Via Feira não é útil para quem não usa ônibus.

Rotina pesada e funções além do contrato

A realidade dos estagiários vai além da questão financeira. Alguns atuam na parte administrativa, enquanto outros são auxiliares de ensino especial, acompanhando alunos com deficiência ou neurodivergência. “Não damos aula, mas ajudamos. Tem estagiário cuidando de três alunos, pulando de sala em sala, virando quase um auxiliar de professor”, contou John, destacando a sobrecarga.

Resposta da Seduc

O gestor da Seduc, Pablo Roberto, rebateu as críticas em entrevista ao Acorda Cidade. Segundo ele, os 1.028 estagiários contratados iniciaram as atividades em 6 de fevereiro e recebem uma bolsa, não um salário, por quatro horas diárias. “Vejo má-fé. Assinam o contrato num dia e no outro já fazem paralisação”, declarou. Ele negou que contratos tenham sido perdidos, afirmando que tudo está digitalizado, e disse não haver registro de estagiários sem pagamento nos últimos 30 dias.

Após o protesto, Pablo recebeu representantes do grupo e orientou que protocolem as demandas. “Vamos avaliar o que depende da administração e responder por escrito”, prometeu. Sobre o reajuste da bolsa, foi taxativo: “O município paga o que pode. O Estado tem mais condições. Não há previsão de aumento agora”. Já o vale-transporte pode mudar com uma licitação prevista para maio, que deve terceirizar a gestão dos estagiários em até 60 dias.

O que vem pela frente?

Enquanto a Seduc busca respostas, os estagiários seguem firmes. A manifestação expôs as fragilidades de um sistema que, para muitos, não valoriza quem está na linha de frente da educação. Até que as promessas saiam do papel, a categoria garante: vai continuar cobrando.

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