O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) divulgou, na terça-feira, 24 de junho de 2025, uma nota de profundo pesar pela morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, vítima de um trágico acidente durante uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia. A jovem, natural de Niterói (RJ), caiu de um penhasco próximo à cratera do vulcão na madrugada de sábado, 21 de junho, e teve seu corpo encontrado após quatro dias de intensas buscas, marcadas por condições adversas. O caso gerou comoção no Brasil e repercussão internacional, com condolências de autoridades e críticas à condução do resgate.
Detalhes do acidente
Juliana Marins, formada em Publicidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e dançarina profissional, realizava um mochilão pelo Sudeste Asiático desde fevereiro de 2025. No sábado, 21 de junho, ela participava de uma trilha guiada rumo ao cume do Monte Rinjani, um vulcão ativo de 3.726 metros de altitude, acompanhada por outros turistas e uma empresa local de turismo. Durante o trajeto, Juliana pediu uma pausa, ficou para trás e caiu em uma vala, deslizando por cerca de 480 metros abaixo da trilha, segundo relatos de veículos internacionais como o Clarín e o Daily Mail. Turistas próximos ouviram seus gritos de socorro, mas as condições do terreno e o mau tempo dificultaram o acesso imediato.
A jovem foi localizada com vida no domingo, 22 de junho, por um drone com sensor térmico, a aproximadamente 500 metros do ponto da queda. No entanto, as operações de resgate, conduzidas pela Agência Nacional de Busca e Salvamento da Indonésia (Basarnas), enfrentaram interrupções devido a chuvas, neblina e instabilidade do solo. Na terça-feira, 24 de junho, as equipes finalmente alcançaram o local, confirmando o falecimento de Juliana. A família, por meio do perfil @resgatejulianamarins no Instagram, anunciou a triste notícia: “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Somos gratos por todas as orações e apoio recebidos.”
Mobilização diplomática
O Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou autoridades indonésias “no mais alto nível” desde a noite de sexta-feira, 20 de junho, quando foi notificada do acidente. A embaixada acompanhou as buscas e prestou assistência à família, mas enfrentou críticas por falhas na comunicação. Inicialmente, informações equivocadas sobre um suposto resgate bem-sucedido foram repassadas, levando o embaixador brasileiro a se desculpar publicamente com os familiares, conforme noticiado pelo G1. A família também questionou a lentidão do governo indonésio, alegando negligência na operação, que avançava “sem planejamento, competência ou estrutura”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agenda na China, manifestou apoio à família antes da confirmação do óbito. “Estamos mobilizando esforços junto à Indonésia para agilizar o resgate de Juliana. Força aos familiares”, escreveu Lula no Instagram, onde o pai da jovem, Manoel Marins, agradeceu a intervenção. Manoel, que viajou à Indonésia para acompanhar as buscas, destacou a solidariedade de amigos e desconhecidos que se mobilizaram pelo caso.
Condolências e repercussão
A nota do Itamaraty expressou “profundo pesar” e transmitiu condolências aos familiares e amigos de Juliana, classificando o ocorrido como uma “imensa perda nesse trágico acidente”. O vice-presidente Geraldo Alckmin, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também prestaram homenagens. “Que a alegria de viver de Juliana seja sua maior lembrança”, declarou Alckmin. Menezes, em redes sociais, lamentou: “Estava torcendo e rezando por Juliana. O Brasil chora junto.”
A morte de Juliana ganhou destaque na imprensa global, com veículos como BBC, The New York Times, Le Parisien e The Sun noticiando o caso. O argentino Clarín apontou que o Monte Rinjani registra 180 acidentes e oito mortes em trilhas nos últimos cinco anos, evidenciando os riscos da região. No Brasil, a tragédia mobilizou redes sociais, com milhares de mensagens de apoio à família e reflexões sobre a segurança em atividades de aventura.
Legado de Juliana
Amigos descreveram Juliana como uma jovem vibrante, apaixonada por viagens e dança, cujo mochilão pela Ásia era a realização de um sonho antigo. Sua formação em Publicidade e seu talento artístico deixaram marcas em Niterói, onde era conhecida pelo carisma. A família criou o perfil @resgatejulianamarins para atualizar o público e agradeceu a mobilização coletiva, que incluiu campanhas de oração e doações para custear as buscas.
Desafios e reflexões
O caso expôs a complexidade de operações de resgate em áreas remotas e os limites da cooperação internacional em situações de emergência. As críticas da família à condução do resgate na Indonésia levantam debates sobre a necessidade de maior preparo em destinos turísticos de alto risco. No Brasil, a tragédia reforça a importância de suporte consular robusto para cidadãos em viagens internacionais, especialmente em atividades como trilhas em vulcões, que exigem planejamento rigoroso.
Enquanto a família organiza a repatriação do corpo, a memória de Juliana Marins permanece como um lembrete de coragem e da busca por viver intensamente. A Bahia, onde o Acorda Cidade noticiou o caso, se une ao luto nacional, refletindo sobre a fragilidade da vida e a força da solidariedade em momentos de dor.