Em um gesto diplomático para acelerar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de três anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ao presidente russo, Vladimir Putin, na quarta-feira, 14 de maio de 2025, durante uma escala em Moscou. Segundo o Palácio do Planalto, a ligação teve como objetivo incentivar Putin a participar de uma reunião de negociações com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, marcada para esta quinta-feira, 15 de maio, em Istambul, na Turquia. O conflito, iniciado em fevereiro de 2022, continua a causar milhares de mortes e deslocamentos, tornando urgente uma solução pacífica.
De acordo com a nota oficial do Planalto, Lula “estimulou o presidente russo a comparecer à reunião de negociação, reconhecendo que a composição das delegações é uma prerrogativa soberana dos chefes de Estado”. A iniciativa reforça o compromisso do Brasil com a diplomacia e a busca por um cessar-fogo, em um momento crítico para as relações internacionais.
Contexto da ligação
Lula, que retorna ao Brasil após cumprir agenda oficial em Pequim, na China, aproveitou a parada em Moscou para intensificar os esforços pela paz. Na terça-feira, 13 de maio, antes de deixar a capital chinesa, o presidente anunciou, em entrevista a jornalistas, sua intenção de pressionar Putin por um acordo direto com Zelensky. “A guerra só traz sofrimento. Precisamos de diálogo, e o Brasil está disposto a ajudar nesse processo”, afirmou.
O telefonema ocorre dias após um encontro entre Lula e Putin, no fim de semana passado, durante as celebrações em Moscou pelos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Embora o tema da guerra na Ucrânia tenha sido abordado, não houve avanços significativos na ocasião, o que motivou a nova investida de Lula.
Mediação em Istambul
A reunião em Istambul, mediada pela Turquia, ganhou força após Zelensky declarar, no domingo, 11 de maio, estar pronto para negociar diretamente com Putin. A proposta recebeu apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que endossou a iniciativa turca em recente declaração. Apesar do crescente respaldo internacional, a presença de Putin no encontro ainda não foi confirmada, mantendo a incerteza sobre o progresso das negociações.
A Turquia, sob a liderança do presidente Recep Tayyip Erdoğan, tem se consolidado como um mediador neutro, tendo sediado rodadas anteriores de diálogo entre as duas nações. A escolha de Istambul reflete a confiança de ambos os lados na capacidade do país de facilitar negociações imparciais.
Agenda intensa de Lula
Lula deve chegar ao Brasil na madrugada desta quinta-feira, 15 de maio, após escalas em Moscou e no Marrocos. A previsão é que o presidente descanse por algumas horas em Brasília antes de embarcar, ainda pela manhã, for Montevidéu, where he will attend the wake of former Uruguayan President José “Pepe” Mujica. A agenda reflete o papel ativo de Lula tanto na diplomacia global quanto nas relações regionais, homenageando um líder latino-americano emblemático enquanto busca influenciar o cenário internacional.
O papel do Brasil na crise
A atuação de Lula no conflito russo-ucraniano reforça a tradição brasileira de priorizar soluções diplomáticas para crises internacionais. Desde o início da guerra, o Brasil tem defendido o diálogo e se posicionado contra sanções unilaterais, buscando um equilíbrio que preserve sua neutralidade e credibilidade. A iniciativa de Lula, embora desafiadora, coloca o país como um ator relevante na busca por paz, em um momento em que a comunidade internacional enfrenta divisões profundas.
Analistas apontam que a insistência do presidente brasileiro pode ajudar a pressionar as partes envolvidas, mas o sucesso das negociações dependerá da disposição de Putin e Zelensky em ceder. Enquanto Istambul se prepara para receber as delegações, o mundo acompanha com cautela os desdobramentos do apelo de Lula por um entendimento que ponha fim ao conflito.