Em um desabafo contundente, Neymar Jr. criticou o desempenho do Santos no Campeonato Brasileiro e exigiu uma reação imediata do elenco para tirar o clube da zona de rebaixamento. Com apenas duas vitórias em dez jogos, o time ocupa a 18ª posição, com 8 pontos, e enfrenta uma crise que reacende o temor de queda à Série B. Em entrevista ao SporTV nesta quinta-feira (29), o camisa 10 apontou a responsabilidade dos jogadores e pediu comprometimento para reverter a situação, em meio a desafios pessoais com lesões e incertezas sobre sua renovação contratual.
Crise no Peixe
O Santos vive um dos momentos mais delicados da temporada 2025. Após uma campanha irregular, com seis derrotas e dois empates, o clube acumula um aproveitamento de apenas 26,7%, segundo dados da CBF. A torcida, frustrada com a repetição de cenários críticos de anos anteriores, tem cobrado mudanças, e Neymar não poupou palavras para expressar o descontentamento. “O lugar onde estamos não é aceitável. Os torcedores estão bravos, com razão, mas nós, jogadores, estamos ainda mais incomodados. Temos qualidade para estar no topo, não na zona de rebaixamento”, declarou.
O capitão foi direto ao cobrar atitude do elenco: “Depende só de nós. Os torcedores não vão entrar em campo. Precisamos ter vergonha na cara, assumir a responsabilidade e jogar o futebol que sabemos. Se cada um fizer sua parte, o Santos pode subir na tabela.” A declaração reflete a pressão interna no clube, que enfrenta o Botafogo neste sábado (31) e o Fortaleza na próxima quinta-feira (5 de junho), jogos cruciais antes da pausa para o Mundial de Clubes.
Lesões e desafios pessoais
Recuperando-se de duas lesões na coxa esquerda desde seu retorno ao Santos em 2024, Neymar admitiu o impacto psicológico das contusões. “Quem já passou por lesões sabe o medo de sentir de novo. O doutor Lasmar me alertou que isso poderia acontecer, e me preparei mentalmente. Escolho bem as jogadas, me poupo em alguns momentos, mas estou trabalhando duro para voltar 100%”, afirmou. O atacante, que disputou apenas cinco jogos na temporada, com dois gols e uma assistência, destacou a importância de gerenciar o físico para evitar recaídas.
A preparação para o Mundial de Clubes, que começa em 12 de junho, é outro foco de Neymar. O torneio, que reunirá os principais clubes do mundo nos Estados Unidos, é visto como uma oportunidade para o Santos recuperar prestígio, mas também aumenta a pressão sobre o desempenho do craque.
Futuro incerto
Questionado sobre a renovação de seu contrato, que expira em 30 de junho, Neymar preferiu manter o silêncio. “Não vou falar disso agora. Meu foco está nos jogos contra Botafogo e Fortaleza, e depois no Mundial. Quando chegar a hora, conversarei com o clube”, desconversou. A indefinição preocupa os torcedores, já que o camisa 10 é peça central no projeto de reestruturação do Santos, que tenta recuperar a glória de décadas passadas após anos de instabilidade financeira e administrativa.
A diretoria, comandada pelo presidente Marcelo Teixeira, trabalha para convencer Neymar a permanecer, oferecendo um projeto de longo prazo que inclui sua liderança em campo e influência fora dele. No entanto, rumores de propostas de clubes europeus e do futebol árabe, como o Al-Hilal, onde Neymar atuou entre 2023 e 2024, alimentam especulações sobre seu futuro.
Contexto e pressão
A crise do Santos no Brasileirão reflete problemas estruturais que vão além do campo. A equipe, que retornou à Série A em 2024 após um rebaixamento histórico, ainda enfrenta dificuldades para equilibrar as finanças e montar um elenco competitivo. A chegada de Neymar, celebrada como um reforço de peso, trouxe esperança, mas os resultados abaixo do esperado reacenderam críticas à gestão e ao desempenho coletivo.
A torcida, que lotou a Vila Belmiro em jogos recentes, tem alternado apoio e protestos. Faixas com mensagens como “Joguem por amor ou por terror” apareceram nas arquibancadas, ecoando o apelo de Neymar por comprometimento. O técnico Fábio Carille, contratado em março de 2025, também está sob pressão para ajustar a equipe, que sofre com falhas defensivas e falta de consistência no ataque.
Perspectivas
Os próximos jogos serão decisivos para o Santos evitar o rebaixamento e recuperar a confiança da torcida. A partida contra o Botafogo, no Engenhão, é vista como um teste de fogo, já que o adversário está no G-6 e vive boa fase. Já o duelo com o Fortaleza, na Vila Belmiro, pode ser a chance de Neymar liderar a reação que ele próprio cobrou. O Mundial de Clubes, embora prestigioso, é uma preocupação secundária diante do risco iminente no Brasileirão.
O desabafo de Neymar, com tom de liderança e cobrança, sinaliza sua tentativa de reacender o espírito do elenco. “Se jogarmos com raça e qualidade, podemos sair dessa. O Santos é grande demais para estar onde está”, concluiu. Para o craque e o clube, as próximas semanas serão um divisor de águas, com o futuro em campo e fora dele em jogo.
