Presença de técnicos brasileiros na Libertadores 2025 é a menor em mais de 20 anos

A Copa Libertadores de 2025 registra um marco negativo para o futebol brasileiro: apenas três treinadores nascidos no país estão à frente de equipes na fase de grupos, o menor número em mais de duas décadas, conforme levantamento do Bolavip Brasil. Todos eles — Rogério Ceni (Bahia), Filipe Luís (Flamengo) e Roger Machado (Internacional) — comandam clubes brasileiros, evidenciando a ausência de técnicos do Brasil em equipes estrangeiras na competição.

Rogério Ceni desponta como exceção em meio ao cenário de declínio. O técnico do Bahia mantém um retrospecto impressionante na Libertadores, com 13 jogos sem derrotas — cinco vitórias e oito empates —, somando passagens pelo Flamengo e pelo Tricolor de Aço. Em 2025, ele já conduziu o Bahia às vitórias nas fases preliminares contra The Strongest e Boston River, além de arrancar um empate na estreia da fase de grupos contra o Internacional. “A consistência de Ceni na competição é um ponto fora da curva”, avalia o analista esportivo João Silva.

Histórico de jogos de Rogério Ceni na Libertadores:

  • Bahia 1 x 1 Internacional – Fase de Grupos
  • Bahia 1 x 0 Boston River – 3ª fase
  • Boston River 0 x 0 Bahia – 3ª fase
  • Bahia 3 x 0 The Strongest – 2ª fase
  • The Strongest 1 x 1 Bahia – 2ª fase
  • Flamengo 0 x 0 Vélez Sarsfield
  • Flamengo 2 x 2 LDU
  • Unión La Calera 2 x 2 Flamengo
  • LDU 2 x 3 Flamengo
  • Flamengo 4 x 1 Unión La Calera
  • Vélez Sarsfield 2 x 3 Flamengo
  • Flamengo 1 x 1 Racing – Oitavas de 2020
  • Racing 1 x 1 Flamengo – Oitavas de 2020

O contraste com a Argentina é gritante. Enquanto o Brasil tem apenas três representantes, os argentinos somam 16 técnicos na Libertadores, incluindo nomes como Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza) e Luis Zubeldía (São Paulo), que lideram clubes brasileiros. Nenhum treinador do Brasil comanda equipes de fora do país na edição atual — o último a fazê-lo foi Paulo Autuori, com o Sporting Cristal, do Peru, em 2023.

Na Copa Sul-Americana, a presença brasileira é um pouco mais expressiva, com seis técnicos, como Tiago Nunes (Universidad Católica, Chile) e Jadson Viera (Boston River, Uruguai). Ainda assim, o total de treinadores brasileiros nas duas competições da Conmebol (nove) é inferior ao número de clubes nacionais participantes (14), o que expõe a baixa representatividade. Para cada técnico brasileiro, há três argentinos, muitos deles atuando em times de outros países, o que reflete a maior valorização dos profissionais do país vizinho no mercado sul-americano.

O declínio na Libertadores reforça um debate crescente no futebol brasileiro: a perda de prestígio dos técnicos locais em âmbito continental. Especialistas apontam a falta de renovação e a preferência de clubes por nomes estrangeiros como fatores centrais para essa crise. “O Brasil segue formando grandes jogadores, mas os técnicos não acompanham essa projeção internacional”, comenta o jornalista esportivo Mariana Costa. Enquanto Ceni brilha como exceção, o cenário geral sugere um desafio estrutural para o futebol brasileiro nos gramados e nas pranchetas.

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