O ídolo do futebol brasileiro Ronaldo Nazário expressou entusiasmo com a chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira, mas fez um apelo por paciência para que o técnico italiano possa implementar sua filosofia de trabalho. Em entrevista ao jornal italiano La Gazzetta dello Sport, publicada nesta quinta-feira (29), o ex-atacante destacou a combinação do “melhor técnico do mundo” com a “melhor seleção do mundo”, mas ponderou que a adaptação a uma nova realidade exigirá tempo, com o foco na Copa do Mundo de 2026.
Expectativa e globalização
Ronaldo, bicampeão mundial em 1994 e 2002, refletiu sobre a evolução do futebol e a quebra de paradigmas com a escolha de um treinador estrangeiro. “Na minha época, um técnico de fora no Brasil era impensável. Mas o futebol está mais globalizado, e Ancelotti não é qualquer estrangeiro”, afirmou. O italiano, tricampeão da Liga dos Campeões com Milan e Real Madrid, assumiu a Seleção em maio de 2025, trazendo um currículo de sucesso e a missão de resgatar o protagonismo brasileiro após a goleada por 4 a 1 sofrida contra a Argentina nas Eliminatórias.
O ex-jogador, que marcou 62 gols em 98 jogos pela Seleção, se disse “curioso e cheio de expectativa” com o trabalho de Ancelotti, mas destacou os desafios. “Ele já sabe o quanto será amado pelos brasileiros, mas precisará de tempo para entender a pressão e a paixão do nosso futebol. O grande objetivo é a Copa de 2026”, declarou, reforçando a necessidade de apoio ao treinador em sua estreia.
Estreia de Ancelotti
A Seleção Brasileira inicia a era Ancelotti com dois jogos cruciais pelas Eliminatórias Sul-Americanas. Na quinta-feira (5 de junho), o Brasil enfrenta o Equador às 20h (de Brasília), no Estádio Monumental de Guayaquil, pela 15ª rodada. Em seguida, encara o Paraguai na terça-feira (10), às 21h45, na Neo Química Arena, em São Paulo, pela 16ª rodada. As partidas são fundamentais para consolidar a posição do Brasil entre os classificados para a apenas duas rodadas do fim das Eliminatórias.
Ancelotti convocou 25 jogadores para os confrontos, incluindo cinco do Flamengo e o retorno de Casemiro, mas sem Neymar, ainda em recuperação. A escalação reflete a aposta do italiano em mesclar experiência e juventude, com nomes como Vinicius Júnior e Estêvão em destaque.
Cenário das Eliminatórias
O Brasil ocupa a quarta posição nas Eliminatórias, com 21 pontos (seis vitórias, três empates e cinco derrotas), um aproveitamento de 50%. A campanha irregular coloca a equipe em disputa direta com Uruguai (21 pontos, saldo de 7) e Paraguai (21 pontos, saldo de 2), enquanto o Equador (23 pontos) está em segundo. Apenas a Argentina, com 31 pontos, garantiu a vaga antecipada para a Copa de 2026. As seis primeiras seleções se classificam diretamente, e a sétima disputará a repescagem.
A pressão por resultados é alta, especialmente após a derrota para a Argentina, que expôs fragilidades táticas e defensivas. Ancelotti, conhecido por sua capacidade de gerir elencos estelares, terá o desafio de reorganizar a equipe e recuperar a confiança da torcida, que espera um desempenho à altura da tradição brasileira.
Impacto das palavras de Ronaldo
As declarações de Ronaldo, uma das maiores lendas do futebol mundial, reverberam como um chamado à paciência e ao otimismo. Sua visão sobre a globalização do futebol reforça a aceitação de Ancelotti, cuja chegada quebrou um tabu de 60 anos sem técnicos estrangeiros na Seleção. O alerta do ex-jogador, porém, sublinha a complexidade de adaptar um treinador europeu à intensidade do futebol sul-americano, onde a pressão por títulos é constante.
Para torcedores e analistas, as palavras de Ronaldo servem como um lembrete de que a reconstrução da Seleção será gradual. “Ancelotti tem tudo para dar certo, mas precisamos dar tempo para ele entender o Brasil”, afirmou o comentarista esportivo Paulo Vinicius Coelho, em análise na ESPN Brasil. A estreia contra o Equador será o primeiro teste, com a Neo Química Arena lotada como palco para medir o impacto inicial do italiano.
Perspectivas para 2026
Com a Copa do Mundo de 2026 no horizonte, a chegada de Ancelotti representa um novo capítulo para a Seleção Brasileira, que busca o hexacampeonato após 24 anos. A experiência do treinador em competições de alto nível, aliada ao talento de jovens como Vinicius Júnior e a volta de veteranos como Casemiro, cria expectativas de um time competitivo. No entanto, o sucesso dependerá da adaptação cultural e da capacidade de Ancelotti de lidar com a paixão e a pressão do futebol brasileiro, como apontado por Ronaldo.
Enquanto o Brasil se prepara para os próximos desafios, a mensagem de Ronaldo ecoa: os tempos mudaram, e a Seleção está pronta para abraçar a inovação, mas com paciência e apoio. A era Ancelotti começa agora, e os olhos do mundo estarão voltados para Guayaquil e São Paulo.
Classificação das Eliminatórias Sul-Americanas (após 14 rodadas)
- Argentina – 31 pontos
- Equador – 23 pontos
- Uruguai – 21 pontos (saldo 7)
- Brasil – 21 pontos (saldo 4)
- Paraguai – 21 pontos (saldo 2)
- Colômbia – 20 pontos
- Venezuela – 15 pontos
- Bolívia – 14 pontos
- Peru – 10 pontos
- Chile – 10 pontos