São Pedro de Bonfim de Feira 2025: Homenagem a Carlos Pitta emociona multidão na abertura com Alcymar Monteiro

A abertura do São Pedro de Bonfim de Feira 2025, na noite de sexta-feira, 27 de junho, foi marcada por uma homenagem emocionante ao cantor e compositor feirense Carlos Pitta, falecido em janeiro deste ano. O forrozeiro Alcymar Monteiro, uma das atrações principais, dedicou parte de seu show na praça principal do distrito para celebrar a vida e o legado do artista, entoando o clássico “Cometa Mambembe” em um momento que levou o público às lágrimas. A iniciativa, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, reuniu cerca de 15 mil pessoas, reforçando a importância de Pitta para a identidade cultural de Feira de Santana e do Nordeste brasileiro. A festa, que segue até sábado, 28 de junho, promete manter o clima junino com apresentações de Lara Amélia e artistas locais.

Uma homenagem à voz do sertão

Antes de iniciar seu repertório, Alcymar Monteiro, com mais de 40 anos de carreira, tomou o microfone para destacar a contribuição de Carlos Pitta à música nordestina. “Pitta foi um poeta que cantou Feira de Santana pro mundo. ‘Cometa Mambembe’ é um hino que carrega a alma da Bahia, e hoje cantamos por ele”, declarou o forrozeiro, visivelmente emocionado. A canção, composta por Pitta e gravada por Monteiro em 1988, ecoou pela praça, com o público acompanhando em coro, muitos segurando cartazes com frases como “Pitta Vive” e “Feira de Santana te ama”. A homenagem incluiu um vídeo projetado no telão, exibindo imagens da trajetória de Pitta, desde seus primeiros shows nos anos 1970 até sua participação na Micareta de Feira em 2024.

Carlos Pitta, nascido em Feira de Santana, foi um ícone da Música Popular Brasileira (MPB) com raízes no forró e no cordel. Com uma carreira de quase cinco décadas, ele teve composições gravadas por artistas como Elba Ramalho, Daniela Mercury, Alcione, e o próprio Monteiro. Suas músicas, como “Cometa Mambembe” e “Todos os Caminhos Levam a Feira de Santana”, marcaram gerações, enquanto suas trilhas sonoras para filmes, como Boi Arauá e Ciganos do Nordeste, enriqueceram o cinema brasileiro. “Pitta era mais que um músico; era um embaixador da nossa cultura”, afirmou o secretário de Cultura, Cristiano Lôbo, que anunciou planos para um festival anual em homenagem ao artista a partir de 2026.

O show de Alcymar Monteiro

Após a homenagem, Alcymar Monteiro incendiou a praça com um show de duas horas, misturando clássicos do forró, como “Ovo de Codorna” e “São João Soteropolitano”, com canções de Pitta. O público, formado por famílias, jovens e turistas de cidades como Salvador e Santo Amaro, dançou sob a decoração de bandeirolas e fogueiras cenográficas. O cantor, que recebeu um cachê de R$ 250 mil, elogiou a energia de Bonfim de Feira: “Essa praça respira São Pedro. É uma honra cantar aqui e homenagear um amigo como Pitta”. A noite também contou com apresentações de quadrilhas juninas, como a Estrelas do Sertão, e bandas locais, que abriram o evento às 19h.

Organização e impacto cultural

O São Pedro de Bonfim de Feira, parte do Arraiá de Feira 2025, é um dos eventos mais tradicionais do município, que também celebra festejos em Humildes e Jaíba. A prefeitura investiu R$ 800 mil na infraestrutura, incluindo um palco com iluminação de LED, 50 barracas de comidas típicas, como pamonha e acarajé, e segurança reforçada com 70 policiais militares, guardas municipais e câmeras de monitoramento. Até o momento, nenhuma ocorrência grave foi registrada, segundo a 66ª CIPM. “Nosso objetivo é oferecer uma festa segura e que valorize nossa cultura. A homenagem a Pitta é um marco para Bonfim de Feira”, destacou o prefeito Colbert Martins (MDB).

A festa movimentou a economia local, com um impacto estimado de R$ 3 milhões. Pousadas do distrito registraram 85% de ocupação, e vendedores ambulantes, como José Silva, 53 anos, comemoraram o aumento nas vendas. “Vendi 200 espetinhos ontem. O São Pedro é a melhor época pra gente que vive do comércio”, afirmou. A presença de turistas, atraídos pela fama do evento e pela homenagem a Pitta, reforçou o potencial turístico do distrito, que tem cerca de 12 mil habitantes.

Desafios e vozes da comunidade

Apesar do sucesso, alguns moradores apontaram a necessidade de maior divulgação da programação. “Soube da homenagem a Pitta pelas redes sociais, mas faltou mais cartaz pela cidade”, reclamou a comerciante Ana Lúcia Oliveira, 47 anos. A organização prometeu intensificar a comunicação em 2026, com transmissões ao vivo no Instagram e painéis informativos. Outra novidade foi a entrega de mudas de plantas nativas aos visitantes, uma iniciativa de sustentabilidade que distribuiu 500 unidades na primeira noite.

A filha de Carlos Pitta, Naiana Damasceno Bastos Pitta, presente na plateia, agradeceu a homenagem. “Meu pai amava Feira de Santana e o São Pedro. Ver o público cantando com Alcymar é a prova de que ele nunca será esquecido”, disse, em entrevista ao Acorda Cidade. Ela também destacou a intenção da família de criar um memorial virtual com o acervo do artista, incluindo gravações inéditas.

Uma celebração de legado e forró

A abertura do São Pedro de Bonfim de Feira 2025 foi mais do que uma festa junina; foi um tributo à memória de Carlos Pitta, cuja música continua a unir gerações. Com a praça lotada, o evento reafirmou a força cultural do distrito e a relevância de Feira de Santana no cenário junino baiano. Enquanto o forró de Alcymar Monteiro ecoava, a multidão celebrava não apenas o São Pedro, mas também a história de um artista que transformou a “Princesa do Sertão” em poesia. A festa segue neste sábado com Lara Amélia e promete manter a energia até o último acorde.

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