Justiça do Rio afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF e nomeia Fernando Sarney como interventor

O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou, nesta quinta-feira, 15 de maio de 2025, o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em uma decisão que abala o futebol brasileiro, o magistrado nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor e ordenou a convocação imediata de novas eleições para a presidência. A sentença, que ainda cabe recurso, reacende a crise institucional que tem marcado a gestão da CBF nos últimos anos.

Motivação da decisão

A destituição de Rodrigues está fundamentada na anulação de um acordo firmado em março de 2025, que garantiu sua reeleição por aclamação. Segundo Zéfiro, o documento foi invalidado devido à “incapacidade mental” e à suspeita de falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, ex-presidente da CBF. “Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da possível falsificação da assinatura de um dos signatários”, escreveu o desembargador em sua decisão.

A controvérsia sobre a assinatura de Coronel Nunes ganhou força com um laudo pericial que questiona sua autenticidade. O acordo, assinado por cinco dirigentes, encerrou uma ação judicial que contestava o processo eleitoral da CBF, viabilizando a permanência de Rodrigues no cargo. A deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e o próprio Fernando Sarney, agora interventor, moveram pedidos no Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, argumentando que a falsificação compromete a legitimidade do pleito.

Desdobramentos judiciais

O caso voltou ao TJ-RJ por determinação do ministro do STF Gilmar Mendes, que, no dia 7 de maio, rejeitou o afastamento imediato de Rodrigues, mas ordenou a “apuração imediata e urgente” das denúncias. Zéfiro tentou ouvir Coronel Nunes na última segunda-feira, 12 de maio, mas o ex-dirigente não compareceu, alegando problemas de saúde, o que levou o desembargador a cancelar a audiência e proferir a decisão de afastamento.

Esta é a segunda vez que o TJ-RJ destitui Rodrigues. Em dezembro de 2023, ele também foi afastado, mas retornou ao cargo um mês depois, por decisão de Gilmar Mendes. Agora, com a nova sentença, a defesa de Rodrigues prepara recursos para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou o STF, buscando reverter a medida.

Crise política na CBF

Ednaldo Rodrigues recebeu a notícia enquanto participava do congresso da Fifa, em Assunção, no Paraguai. A crise se intensificou nos últimos dias, com o dirigente tentando consolidar apoio interno. Na terça-feira, 13 de maio, ele reuniu presidentes de federações estaduais na sede da CBF, no Rio de Janeiro, onde o departamento jurídico da entidade defendeu a legalidade de sua gestão. Os aliados expressaram confiança em uma vitória nos tribunais superiores, mas alertaram para o impacto de uma decisão desfavorável no TJ-RJ, que se concretizou nesta quinta-feira.

Fernando Sarney, nomeado interventor, é uma figura central no cenário político da CBF. Embora seja vice-presidente até março de 2026, ele rompeu com Rodrigues e integrou a oposição, não participando da chapa de reeleição em março. Sua nomeação como interventor levanta questionamentos sobre a condução do processo eleitoral, que deve ocorrer em um prazo ainda não definido.

O anúncio de Ancelotti em meio à turbulência

Na tentativa de ganhar respaldo público em meio à batalha judicial, Rodrigues anunciou, na última segunda-feira, 12 de maio, a contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira. A decisão, divulgada antes de qualquer comunicado oficial do Real Madrid, atual clube de Ancelotti, foi interpretada como uma manobra para fortalecer sua imagem. Até o momento, o clube espanhol não confirmou a saída do treinador, aumentando a incerteza sobre o futuro da Seleção.

Impacto no futebol brasileiro

O afastamento de Rodrigues mergulha a CBF em um novo capítulo de instabilidade, com reflexos diretos na gestão do futebol brasileiro. A entidade enfrenta críticas por sua governança e pela condução de processos eleitorais, enquanto a Seleção Brasileira se prepara para compromissos cruciais nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. A nomeação de Sarney como interventor e a convocação de novas eleições abrem espaço para uma reconfiguração política na CBF, mas também geram apreensão sobre a continuidade de projetos estratégicos.

A decisão de Zéfiro coloca o Brasil no centro de uma crise institucional às vésperas de decisões importantes no calendário esportivo. Enquanto Rodrigues e seus aliados se mobilizam para recorrer, o futebol nacional aguarda os próximos capítulos de um imbróglio que pode redefinir os rumos da maior confederação esportiva do país.

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