O cantor Thiago Aquino, conhecido como “o menino da Queimadinha”, está prestes a consolidar mais um marco em sua carreira com uma projeção de faturamento de R$ 4,4 milhões durante os festejos juninos de 2025 na Bahia. Segundo dados do Painel de Transparência do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), divulgados na sexta-feira (6), o artista foi contratado por 16 prefeituras para apresentações no São João, com cachês que variam entre R$ 200 mil e R$ 350 mil por show, totalizando uma média de R$ 262 mil por apresentação.
O montante representa um aumento de aproximadamente 24% em relação aos R$ 3,5 milhões faturados por Aquino no São João de 2024, quando também se apresentou em 16 cidades. Apesar do crescimento, o valor ainda não supera o recorde de 2022, quando o cantor realizou 25 shows e arrecadou quase R$ 5 milhões. A ascensão do feirense, que ganhou projeção nacional com seu arrocha romântico, reflete o apelo popular do gênero e a força do São João como motor econômico e cultural na Bahia.
Crescimento dos cachês e impacto econômico
O aumento na média dos cachês de Aquino, que subiu de R$ 227 mil em 2024 para R$ 262 mil em 2025, tem gerado discussões sobre os investimentos públicos em festejos juninos. Dados do MPBA apontam que 328 prefeituras baianas, equivalente a 78% dos municípios do estado, declararam gastos superiores a R$ 358 milhões com 3.261 apresentações de 1.499 artistas em 2025. Cruz das Almas lidera o ranking de investimentos, enquanto Feira de Santana também figura entre as cidades com maior aporte financeiro.
Para o setor cultural, os festejos representam uma oportunidade de geração de renda e visibilidade para artistas e comerciantes. “O São João é a maior festa popular da Bahia. Além de preservar nossa cultura, movimenta a economia local, desde barraqueiros até hoteleiros”, afirmou Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado. No entanto, o alto valor dos cachês de artistas como Aquino tem levantado questionamentos sobre a transparência e a priorização de gastos públicos, especialmente em cidades com orçamentos limitados.
A trajetória de Thiago Aquino
Nascido em Feira de Santana, Thiago Aquino conquistou o Brasil com hits como “Bebendo Fiado” e “Flagrante”, que misturam arrocha e sofrência. Sua trajetória, marcada pela origem humilde no bairro Queimadinha, ressoa com o público e reforça sua conexão com as tradições nordestinas. Em 2022, o cantor realizou uma maratona de 42 shows em junho, percorrendo Bahia, Pernambuco e São Paulo, e atingiu 1 milhão de seguidores no Instagram, consolidando sua presença digital.
Além do sucesso nos palcos, Aquino também se destaca por ações fora deles. Em 2024, ele e sua equipe prestaram socorro a um idoso vítima de um acidente na BR-101, próximo a Laje, demonstrando seu lado humano. No entanto, o artista também enfrentou controvérsias, como uma tentativa de assalto ao ônibus de sua equipe em 2025 e uma disputa judicial com um ex-empresário, que resultou no bloqueio de R$ 4 milhões de suas contas.
Debate sobre transparência e cultura
O Painel de Transparência do MPBA, que coleta dados fornecidos voluntariamente pelos municípios, é uma ferramenta essencial para monitorar os gastos com o São João. Cidades que aderem ao sistema podem receber o Selo de Transparência, um incentivo à boa gestão pública. Apesar disso, críticos apontam que o aumento dos cachês de artistas renomados, como Aquino, pode desequilibrar os orçamentos municipais, reduzindo recursos para infraestrutura ou apoio a artistas locais.
Por outro lado, defensores do investimento destacam que o São João fortalece a identidade cultural baiana e atrai turistas, gerando retorno econômico. A presença de Aquino em cidades como Santo Antônio de Jesus, Cachoeira e Coração de Maria reforça seu papel como um dos principais nomes do arrocha, mas também evidencia a necessidade de um debate mais amplo sobre a distribuição de recursos nos festejos.
Com uma agenda intensa e um faturamento expressivo, Thiago Aquino reafirma sua posição como fenômeno do São João, enquanto o impacto de seus shows reacende reflexões sobre o equilíbrio entre cultura, economia e responsabilidade fiscal na Bahia.